ICO de criptomoedas: como funciona, na prática?
Criar uma criptomoeda é um processo relativamente simples, que em alguns casos exige apenas o registro no blockchain. No entanto, somente uma pequena parte desses ativos digitais consegue efetivamente captar recursos com o público no processo conhecido como ICO, ou Initial Coin Offering.
Atualmente existem modelos de oferta de criptomoedas (ICOs) descentralizados, eliminando assim os riscos de censura e prezando por uma distribuição mais justa. De todo modo, a oferta inicial de criptomoeda é como um importante passo no lançamento dos projetos.
Aprenda agora o que é ICO, como participar das ofertas iniciais de criptomoedas e quais os modelos mais comuns.
O que é um Initial Coin Offering (ICO)?
Initial Coin Offering (ICO) significa “oferta inicial de criptomoedas”, a primeira venda ao público de determinado ativo digital. Esse processo pode ocorrer sem um agente intermediador, oferecendo uma forma simples para projetos captarem recursos envolvendo apenas ativos digitais, incluindo aqueles pareados em dólar, conhecidos como stablecoins.
Foi dessa forma que nasceram grandes sucessos como o Ethereum (ETH) em 2015, Chainlink (LINK) em 2017, Polygon (MATIC) em 2019, e Aptos (APT) em 2022. Em resumo, os interessados depositaram valores no período da oferta inicial (ICO) de cada projeto, e em troca receberam o ativo digital do projeto. Alguns desses exemplos apresentaram retornos de 170 vezes seu valor inicial.
Cabe ressaltar que este é um investimento extremamente arriscado, pois esses lançamentos dificilmente contam com um histórico de entregas ou garantia de continuidade no desenvolvimento Em resumo, mesmo com a transparência dos contratos inteligentes (smart contracts), existe muita incerteza nas ofertas via ICO, trazendo assim grandes oportunidades de lucro.
Para que serve a oferta inicial de criptomoedas (ICO)?
O principal objetivo de qualquer ICO é levantar recursos para o projeto de determinada criptomoeda, que pode ser usado para custear seu desenvolvimento, estimular o ecossistema, levantar liquidez para negociação do ativo, criar um fundo de reservas visando oportunidades futuras, entre outros. Em última instância, a oferta também pode ser utilizada para remunerar pré-investidores, co-fundadores e demais envolvidos no lançamento.
Na realidade não existe uma regra ou obrigação para alocar os valores levantados no ICO, portanto requer um certo nível de confiança no grupo responsável pelo lançamento. A natureza descentralizada das criptomoedas traz transparência para a movimentação dos valores, porém o destino dos recursos é definido unicamente por quem controla as respectivas chaves privadas (senhas) do endereço digital ou contrato inteligente (smart contract).
Quem é o responsável pela oferta de criptomoedas (ICO)?
Qualquer pessoa física, jurídica ou grupo pode realizar um ICO, pois este usualmente ocorre somente no universo de ativos digitais, sem envolver contas bancárias, abertura e registo de empresas, ou similares. Alguns projetos optam por criar fundações, que são empresas com cargos de diretoria executiva e operacional, embora isso não seja uma obrigação ou regra.
De fato, existem legislações locais que impõem algumas restrições, como a oferta de valores mobiliários. Por esse motivo, é comum encontrar ofertas iniciais de criptomoedas (ICOs) que proíbem a participação de norte-americanos, embora a grande maioria dos lançamentos ocorra de maneira descentralizada e até mesmo anônima ou comunitária, quando não é informado a real identidade da equipe responsável.
Como funciona uma oferta inicial de criptomoedas (ICO)?
O processo para conduzir uma oferta de criptomoedas (ICO) não segue um padrão rígido, mas muitos projetos compartilham uma abordagem semelhante. Nessa dinâmica, equipes se unem para transformar ideias em novas criptomoedas. Essa abordagem pode ocorrer de maneira descentralizada e colaborativa, sem um líder, ou amparada em um pequeno grupo ou empresa.
Equipe e ideia
O ponto inicial é a formação de uma equipe, geralmente composta por desenvolvedores, especialistas em blockchain e empreendedores. Juntos, concebem uma ideia que pode variar desde soluções tecnológicas, criptomoedas-meme, aplicativos descentralizados (DApps), tokens de jogos, entre outros. Cabe lembrar que a natureza descentralizada das criptomoedas permite a criação de cópias, por vezes adaptando a solução para outras redes blockchain.
Pré-financiamento
Projetos que visam uma ICO mais robusto buscam financiamento inicial com fundos de risco (venture capital) para cobrir as despesas iniciais de marketing e desenvolvimento. Outra vantagem de partir com reservas é a possibilidade de colocar em funcionamento uma versão de testes (testnet) para que o público tenha maior confiança no projeto e no próprio histórico de entregas da equipe. Embora não garanta sucesso, essa estratégia é usualmente bem percebida.
Descritivo
Um dos passos iniciais é um descritivo do projeto, informando os principais objetivos. Esse documento pode variar entre uma simples postagem em rede social ou um relatório técnico (whitepaper) abrangente, que contém informações sobre a tecnologia subjacente, alocação dos recursos, diferenciais do projeto, planejamento (roadmap), formato de distribuição das moedas, etc. No entanto, esse estudo é meramente teórico, e não existe uma obrigação de ser executado.
Definição de parâmetros
Nessa fase, é estabelecido o período de duração do ICO, assim como o formato de captação de recursos, seja por meio de leilão, preço fixo ou outra abordagem escolhida pela equipe. Existem distribuições iniciais de forma gratuita (airdrop) e outros formatos onde as moedas são entregues sem custo para um provedor de liquidez, permitindo que o próprio mercado encontre determinado nível de preço. Em alguns casos, os recursos são mantidos na própria tesouraria do projeto.
Desenvolvimento do smart contract
Por fim, é desenvolvido e implementado um contrato inteligente (smart contract) que automatiza a recepção de fundos durante a oferta ICO e a distribuição proporcional da nova criptomoeda aos investidores. Esse mecanismo traz um certo grau de previsibilidade para os participantes, seja por limitar o número máximo de moedas em circulação ou estabelecer regras claras de distribuição. Em resumo, esse é o ‘coração’ do projeto, independente de seu tipo.
Divulgação
Para que o ICO ocorra é preciso que o público tenha conhecimento da oferta, e isso pode ocorrer através de redes sociais, fóruns, blogs, mídia especializada e outras plataformas relevantes. O engajamento dos potenciais usuários é crucial, portanto parcerias com influenciadores e marcas estabelecidas são muito comuns em campanhas de marketing de novos projetos. Na prática, mesmo projetos com grande apelo e utilidade exigem um esforço de venda.
Lançamento efetivo
Após a fase de captação de recursos, a equipe realiza o lançamento oficial da nova criptomoeda, com os usuários recebendo as respectivas alocações. Tipicamente os projetos iniciam com listagem nas plataformas de negociação descentralizadas (DEX), enquanto uma minoria passa pela análise das corretoras (exchanges) com melhor reputação. Outra questão é a liquidez, o volume de negociação, que depende do interesse do público e de eventuais incentivos do projeto.
Como analisar uma oferta inicial de criptomoedas (ICO)?
Existem características em cada projeto que possibilitam uma análise quantitativa e qualitativa da oferta. Entretanto, a própria descentralização torna difícil, senão impossível, prever se os recursos arrecadados vão ser utilizados da maneira correta, se o desenvolvimento se dará conforme o previsto, ou se os diferenciais apresentados efetivamente geram uma demanda sustentável pela criptomoeda. Abaixo listamos os principais pontos para análise de investimento em ICOs.
Whitepaper: entendendo o projeto
Compreender a razão de ser de cada projeto é crucial para avaliar seu potencial de mercado. Nem todos os ICOs têm um planejamento (roadmap) definido, e ter um não garante sua realização. Desse modo, o investidor deve avaliar a viabilidade das promessas e a capacidade da equipe em alcançar os objetivos, porém tendo em mente que existe competição externa e a demanda depende da formação de uma comunidade de seguidores.
Regras de emissão
Para avaliar o potencial de um ICO é essencial estudar o limite máximo de criptomoedas em circulação. Outro aspecto importante é a velocidade de emissão, equivalente à inflação do dinheiro tradicional. Cada projeto possui características próprias, com alguns optando pela escassez através de mecanismos como queima (burn) e outros priorizando a distribuição escalonada ao longo de vários anos.
Casos de uso
Alguns projetos têm funções exclusivas em seus ecossistemas, como os tokens de utilidade que funcionam como “fichas de acesso” para aplicativos ou serviços específicos. É importante entender qual é a dinâmica para o uso da criptomoeda, mesmo que sua função seja meramente de entretenimento ou meio de pagamento digital. Em suma, cada oferta traz diferenciais únicos para motivar o ingresso de usuários.
Equipe
Mesmo com desenvolvedores anônimos, é possível avaliar seus trabalhos em plataformas como o GitHub. A análise deve focar na capacidade técnica e operacional da equipe, incluindo voluntários e a comunidade do projeto, em vez da formação acadêmica ou experiência prévia em grandes empresas. Certifique-se que a equipe possui incentivos para permanecer vinculada ao projeto no longo prazo.
Voto nas decisões do projeto
A gestão de um projeto pode ocorrer através do controle distribuído no blockchain, conhecido como governança. Mesmo com uma equipe de desenvolvedores ou uma estrutura física, detentores de tokens decidem a alocação de recursos do projeto. Tais votações definem normas, regras, taxas e prioridades no desenvolvimento, podendo até mesmo solicitar a troca da gestão do projeto.
Mecanismo de financiamento
Um ponto crucial na análise dos ICOs é a capacidade do projeto de financiar seu desenvolvimento, envolvendo marketing, promoções, engajamento da comunidade, parcerias e estratégias de incentivo. Uma distribuição inicial bem-sucedida não garante valorização ou demanda futura. Compreender como são decididos os recursos da tesouraria do projeto e as regras que impedem o controle por um pequeno grupo é essencial.
Sustentabilidade
Após entender a dinâmica da oferta e os mecanismos de incentivos, é importante analisar a sustentabilidade do projeto. Muitos ativos digitais perderam valor após gastar os recursos levantados em vendas privadas e ICO. Isso porque na ausência de um mecanismo de acumulação pela tesouraria do projeto, dificilmente o mecanismo que impulsionou o crescimento inicial poderá ser replicado sem tais recursos.
Comunidade e ecossistema
Uma criptomoeda só ganha valor com a adesão dos usuários. A escolha de redes blockchains para aplicações descentralizadas é um fator determinante para a entrada de novos adeptos. Em linhas gerais, quanto mais simples for o ingresso de usuários, maiores as chances de sucesso. Na questão de comunidade é importante medir a autenticidade das interações nas redes sociais e a participação de seus membros.
Vale a pena investir em ofertas iniciais de criptomoedas (ICOs)?
Embora dezenas de milhares de moedas tenham surgido nos últimos 10 anos, menos de 500 atingiram um volume de negociação expressivo; portanto a maioria desaparece ou cai no esquecimento. Nesse sentido, investir em ICOs é uma atividade extremamente arriscada, embora o ganho em alguns casos seja suficiente para cobrir perdas nos demais.
Ao participar do ICO, o investidor tem a chance de comprar ativos digitais por um preço mais baixo em função do estágio inicial do projeto. Outra facilidade é a ausência de burocracia através de um processo simples utilizando apenas ativos digitais. Em resumo, investir em ofertas iniciais de criptomoedas é uma atividade especulativa em função do elevado nível de incertezas no lançamento.
Como participar de uma oferta inicial de criptomoedas (ICO)?
Após fazer uma análise do projeto e decidir em qual ICO deseja investir, o próximo passo é ingressar com os recursos no endereço eletrônico informado pelo projeto. Cabe ressaltar que a vasta maioria das ofertas trabalha com uma única rede blockchain em seu início de vida, sendo Ethereum, BSC, Polygon, Solana e Tron as mais comuns.
Uso de uma wallet compatível
Embora existam aplicativos de carteira digital (wallet) que trabalham com múltiplas criptomoedas, os endereços de diferentes redes não são compatíveis entre si Certifique-se de que a carteira suporta o blockchain específico da ICO para evitar possíveis perdas de fundos durante a transação.
Depósito dos valores
Após configurar seu endereço na rede do ICO, realize o depósito das criptomoedas em sua carteira (wallet) no blockchain compatível com o lançamento. Este processo pode envolver diferentes ativos, incluindo stablecoins pareadas ao dólar. Lembre-se de seguir as instruções fornecidas pelo projeto.
Envio para o smart contract
O envio efetivo dos valores para o contrato inteligente (smart contract) do ICO é uma etapa crucial. Verifique em sua carteira (wallet) se o endereço de destino e a rede blockchain estão corretos antes de realizar o envio. Lembre-se de que são exigidas taxas de processamento da rede, e jamais realize o envio diretamente de sua exchange.
Recebimento das criptomoedas
Ao término do ICO, as criptomoedas correspondentes ao investimento serão automaticamente enviadas para sua carteira digital (wallet). Após o recebimento, você fica livre para manter ou transferir sua posição, inclusive para aplicações descentralizadas e eventuais oportunidades de staking, o depósito remunerado.
Diferenças entre ICO, crowdfunding, e IPO?
Primeiramente, o ICO se refere exclusivamente às criptomoedas, ativos digitais com registro no blockchain. Na ponta oposta, o IPO é a oferta pública de ações de empresas, negociada em bolsas de valores tradicionais, tratando apenas de valores mobiliários, aqueles regulados pelo Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Na prática, a oferta inicial de criptomoedas (ICO) não envolve contas bancárias, participação acionária, dividendos ou qualquer tipo de direito além do registo no banco de dados blockchain. De maneira similar, não existe obrigatoriedade de listagem das corretoras digitais (exchanges), que são livres para escolher quais ativos desejam intermediar.
Por último, o crowdfunding é um modelo de financiamento coletivo em que investidores adquirem participações acionárias em empresas de pequeno porte. As plataformas facilitam a intermediação com os interessados em apoiar determinados projetos, proporcionando uma alternativa acessível e democrática para levantar fundos e expandir negócios.
Agora que você aprendeu o que é ICO, a oferta inicial de criptomoedas, abra sua conta no MB e escolha dentre os mais de 200 ativos digitais disponíveis. Ingresse agora no mercado que mais valorizou nos últimos 10 anos!