Relatório “State of Crypto”: stablecoins, tokenização e DeFi
O relatório do ecossistema de criptomoedas da gestora de capital de risco a16zcrypto traz revelações importantes sobre a “terceira era da internet”, conhecida como web3.
Entenda como o mercado de ativos digitais usando blockchain transformou a indústria de finanças e quais são as perspectivas de integração com ferramentas de inteligência artificial.
Qual a conclusão do relatório “State of Crypto”?
Os destaques do relatório “State of Crypto” da a16zcrypto são a adoção global dos ativos digitais pareados em dólares, o avanço da tokenização de ativos tradicionais e a integração com inteligência artificial.
- O crescimento da indústria segue cíclico, mas o número de usuários ativos mostrou alta de 20% ante 2024.
- Gigantes de pagamentos, finanças e grandes bancos passaram a oferecer serviços de intermediação e custódia de ativos digitais.
- Os ativos digitais ganharam força nos Estados Unidos após mudanças regulatórias mais favoráveis, especialmente para stablecoins.
- A infraestrutura de blockchain evoluiu significativamente, ficando praticamente pronta para receber o grande público.
Quem é a a16zcrypto?
A a16zcrypto é o braço de capital de risco da Andreessen Horowitz (a16z), um gigante do Vale do Silício nos EUA. A gestora foca em projetos de blockchain e Web3 e já levantou mais de U$ 7,6 bilhões.
- Marc Andreessen e Ben Horowitz, conhecidos por investimentos no Facebook e Twitter, fundaram a a16z em 2009.
- A a16z fez seu primeiro investimento em cripto em 2013, na exchange Coinbase, lançando seu fundo dedicado, o a16zcrypto, em 2018.
- Seu portfólio inclui nomes importantes do setor, como o marketplace de NFTs OpenSea e o protocolo de finanças DeFi Uniswap.
O que marcou o ano de 2025?
O principal vetor de crescimento foi a adoção institucional — fundos de investimento, empresas e gestores profissionais. Segundo os analistas da a16zcrypto, a maior mudança veio dos bancos tradicionais, que passaram a oferecer produtos de criptomoedas diretamente para seus clientes.
- O avanço da regulação nos EUA, incluindo a aprovação do “GENIUS Act”, trouxe segurança para a entrada de grandes instituições.
- A entrada de Visa, Stripe e PayPal no mercado de stablecoins foi uma sinalização clara de integração com o sistema financeiro tradicional.
- Grandes fintechs passaram a desenvolver seus próprios blockchains e serviços de tokenização de ativos reais, como Circle, Robinhood e Stripe.
- O valor total de ETFs de criptomoedas ultrapassou U$ 175 bilhões nos EUA, uma alta de 169% em relação a 2024.
Stablecoins: o principal vetor de crescimento
As stablecoins se provaram a forma mais rápida, eficiente e global de enviar dólares, tornando-se o coração da economia descentralizada. O segmento movimentou U$ 46 trilhões em 12 meses, uma alta de 106% ante o ano anterior.
- As stablecoins processaram U$ 9 trilhões em pagamentos, equivalente a metade do volume da Visa.
- As transações em stablecoins seguem acelerando, atingindo o recorde de U$ 1,25 trilhão em setembro de 2025.
- Cerca de 1% dos dólares em circulação nos EUA foi tokenizado em blockchains, assegurado por mais de U$ 152 bilhões em títulos do Tesouro americano.
- A regulação nos EUA abriu caminhos para a distribuição de receita, criando um novo incentivo econômico para os detentores de ativos digitais.
Tokenização e negociação 100% digital
O relatório “State of Crypto” revela que o volume de negociação de ativos digitais em plataformas descentralizadas aumentou oito vezes desde 2024. O documento destaca o avanço da interoperabilidade e o uso de soluções privadas em blockchains públicas.
- A capacidade de processamento saltou de 25 transações por segundo para 3.400 em apenas cinco anos, equiparando-se à bolsa norte-americana Nasdaq.
- A tokenização de ativos tradicionais, incluindo títulos do governo norte-americano e títulos de crédito, atingiu $30 bilhões.
Escalabilidade para adesão em massa
O relatório “State of Crypto” afirma que Solana planeja dobrar sua capacidade de processamento, enquanto Ethereum segue entregando melhorias para otimizar as redes de segunda camada (layer-2). Taxas que antes passavam de U$ 20 por transação não existem mais.
- Solana se destaca pela alta performance, pela rentabilidade nas aplicações atuais e pela arquitetura pronta para integrar soluções de inteligência artificial.
- As redes de segunda camada da Ethereum permitiram uma expansão rápida do ecossistema, oferecendo um sistema acessível e de baixo custo.
- Exchanges descentralizadas de derivativos como a Hyperliquid processam trilhões de dólares em volume em 2025.
- Mais de 13 milhões de criptomoedas-meme (memecoins) foram lançadas em 2025, embora essa tendência tenha arrefecido no último trimestre.
Blockchain e a inteligência artificial
A próxima fronteira para aplicações descentralizadas é a infraestrutura para sistemas físicos, como redes de telecomunicação, transporte, energia e similares. O relatório cita o exemplo da rede Helium, de compartilhamento de rede 5G para dispositivos móveis.
- A integração de IA com blockchain amplia o acesso à infraestrutura computacional, reduz custos e diminui riscos de censura.
- Redes descentralizadas agregam GPUs ociosas, criando um mercado aberto que reduz barreiras para treinar grandes modelos.
- Com a incorporação de IA, sistemas baseados em blockchain permitem escalar e coordenar robôs de forma eficiente como agentes adaptáveis.
O futuro dos ativos digitais
Os analistas da a16zcrypto apostam no avanço regulatório para permitir o pagamento direto de taxas de uso dos sistemas descentralizados aos detentores dos respectivos tokens, com maior integração às finanças tradicionais.
- Stablecoins representam um avanço significativo em relação ao sistema tradicional de remessas, e novos produtos e serviços devem impulsionar a adoção.
- A infraestrutura e a distribuição estão prontas, e a regulação tende a permitir uma adoção em massa de sistemas descentralizados.
- Ainda é preciso aprimorar os sistemas de pagamento e criar uma internet realmente descentralizada envolvendo ativos digitais.
- 17 anos após o lançamento das criptomoedas, o setor deixa a “adolescência” e inicia sua fase adulta.
Perguntas e respostas: tokenização e aplicações descentralizadas
Qual a vantagem de tokenizar ativos?
A tokenização permite transformar ativos como títulos do Tesouro dos EUA em tokens digitais no blockchain. Esses tokens podem então ser usados como garantia programável em empréstimos descentralizados.
O que são aplicações descentralizadas?
Aplicações descentralizadas são programas que rodam em uma rede de computadores compartilhada e não são controlados por uma única empresa. Elas usam regras automáticas chamadas contratos inteligentes.
A tokenização é segura?
A tokenização registra a propriedade no blockchain, tornando-a imutável e facilmente auditável por qualquer pessoa. Isso reduz o risco de fraude e simplifica a verificação de ativos.
Como funcionam as finanças digitais?
As finanças digitais (DeFi) permitem empréstimos e trocas de forma automática em plataformas abertas, sem intermediários centrais. Podem ser usadas criptomoedas e ativos tradicionais transformados em tokens no blockchain.
Como a IA pode integrar tokens?
O token de utilidade pode ser usado para recompensar entidades que fornecem poder computacional ou conjuntos de dados usados para treinar modelos de IA em uma rede descentralizada, alinhando incentivos.