Qual o impacto da tokenização na economia e no mundo

Nos últimos anos, a tecnologia tem desempenhado um papel cada vez mais importante na transformação de diversos setores – e a tokenização da economia e do mundo é um assunto que tem chamado a atenção. A tokenização é o processo de transformação de ativos físicos, como imóveis, obras de arte, jogos, ações, títulos e até mesmo moedas fiduciárias, em tokens digitais que podem ser negociados na blockchain. Para começarmos este artigo na mesma página, vale lembrarmos o que é a blockchain. 

O que é blockchain?

A tecnologia blockchain é uma forma de registro digital que permite o armazenamento seguro e descentralizado de informações, como se fosse um livro-registro de cartório. Ela consiste em uma rede de computadores que trabalham juntos para validar transações e manter um registro imutável. Cada bloco de informação contém um conjunto de transações verificadas e os blocos são encadeados uns aos outros de forma criptografada. Isso torna a blockchain uma tecnologia resistente a ataques cibernéticos e fraudes, além de permitir transações seguras e transparentes sem a necessidade de intermediários, sendo um grande potencial para revolucionar diversos setores, como o financeiro, o de saúde, o de energia, o de logística, entre outros.

Quando falamos de tokenização da economia, vemos uma disrupção no mundo e nas relações econômicas. Por meio dessa tecnologia, é permitido que investidores tenham acesso a uma ampla gama de ativos que, antes, eram restritos a investidores profissionais, além de gerar uma maior democratização ao permitir a compra de frações de ativos. Além disso, a tokenização é uma forma de tornar o universo dos investimentos ainda mais globalizado, imediatista e fluido, permitindo transações em tempo real, 24 horas por dia, 7 dias na semana. 

Tokenização de moedas

O Brasil é um dos países que está abraçando essa inovação, com o Banco Central anunciando o lançamento do Real Digital, uma moeda digital emitida pelo órgão que será baseada na tecnologia blockchain e poderá ser usada em transações financeiras em todo o país. O Real Digital é um exemplo da crescente adoção da tokenização da economia e do potencial que ela tem para transformar a forma como as transações financeiras são realizadas no país. E, quando o papo é tokenização de moedas fiduciárias, não poderíamos deixar de citar o país da muralha mais famosa do mundo.  

A China está liderando o caminho na adoção de moeda digital com a implementação do Yuan Digital, também conhecido como e-RMB. O país tem visto um aumento significativo no uso de pagamentos digitais nos últimos anos e, agora, está se movendo em direção a uma economia totalmente sem papel-moeda. O e-RMB é emitido pelo Banco Popular da China e é apoiado pelo governo chinês como um meio de pagamento confiável e seguro. Com a adoção do e-RMB, a China espera melhorar a eficiência das transações comerciais, reduzir a dependência de intermediários financeiros e prevenir a lavagem de dinheiro. Em muitas partes da China, o papel-moeda já está se tornando coisa do passado, com a maioria das transações comerciais sendo realizadas por meio do e-RMB. Sua crescente adoção na China, uma das maiores potências globais, já está gerando provocações significativas na economia global e pode levar a uma maior adesão de moedas digitais em todo o mundo.

O mundo tokenizado

Quando falamos que a tokenização não está apenas mudando as relações econômicas como também o mundo, vemos uma alta tendência de tokens ligados à ESG, uma nova categoria que visa apoiar e incentivar a adoção de práticas ambientais, sociais e de governança corporativa. Esses tokens são criados com o objetivo de ajudar empresas e organizações a financiar projetos sustentáveis, reduzir sua pegada de carbono e implementar políticas de governança responsáveis. Um exemplo é o token XDC, usado para financiar projetos de energias renováveis, e o token GREEN, que é usado para recompensar ações que promovem a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente.

Outra transformação em que a tokenização é uma das grandes protagonistas é o Metaverso, ambiente digital que representa a extensão do mundo real. Em um dos metaversos mais populares, a Upland, temos a representação digital de algumas cidades do globo. Os usuários desse metaverso, a partir de sua moeda digital (UPX), têm a possibilidade de comprar terrenos e construir imóveis, podendo até mesmo negociar a compra e a venda de empreendimentos, como um grande Banco Imobiliário ou Monopoly. Quando você compra um terreno no metaverso da Upland, você tem sua transação confirmada na rede da blockchain e um token é gerado para comprovar a sua propriedade. Se o metaverso já foi e ainda será o hype da vez, pode ter certeza de que a tokenização é uma das grandes responsáveis por sustentar esses mundos virtuais. 

Embora ainda haja desafios a serem enfrentados na adoção da tokenização de uma forma contínua e interoperável, é inegável o potencial revolucionário que essa tecnologia tem para o mundo. Quando nossas relações econômicas e sociais passarem pelo processo de tokenização plena, poderemos ver uma redução na complexidade e nos custos associados à negociação de ativos, uma vez que a redução de intermediários também diminui os custos de operação, fazendo com que o repasse para o investidor seja maior e que as transações sejam mais transparentes e combatendo a lavagem de dinheiro por meio da blockchain. Ainda, veremos um impacto significativo na cadeia de produção, podendo ser um dos fatores-chave para a redução no uso de recursos naturais. A tokenização veio para ficar – e o mundo tokenizado já está começando a tomar forma.

– Larissa Menezes é formada em Relações Públicas e pós-graduada em Inovação, Design e Estratégia pela ESPM. Atua como marketing de produto há mais de 5 anos no mercado financeiro. Fundadora do Universo PMM e professora do curso de Product Marketing da Awari, é atual Product Marketing Manager de Tokenização do Mercado Bitcoin e colunista do blog do MB.