Renda passiva com criptomoedas
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Salve, galera, inicio aqui um espaço no blog do MB para falar sobre o universo de possibilidades que a criptoeconomia nos permite explorar. Vamos falar sobre vários temas que têm me deixado cada vez mais fascinado por esse universo, desde quando comecei a estudar um pouco mais sobre criptomoedas. Ao longo do tempo, vamos falar um pouco sobre como usar as principais inovações em Finanças Descentralizadas – DeFis, novidades em protocolos, como o mercado tradicional pode interagir com o mercado cripto e muito mais. Neste primeiro artigo, vamos apresentar, ainda de forma introdutória, quais são as principais formas de obter renda passiva com criptomoedas.
Existem muitas formas para dar um boost à rentabilidade dos seus criptoativos, podendo ser desde mecanismos semelhantes aos já utilizados no mercado tradicional, como, por exemplo, receber juros ao ceder ativos para empréstimo, até outras formas exclusivas de alguns criptoativos, como receber recompensas por fazer staking.
Cada forma possui suas características e são apropriadas a diferentes perfis de investidores, momentos de mercado e apetite ao risco. Portanto, é muito importante conhecer cada uma delas antes de alocar seus recursos.
Vamos, então, a uma breve descrição dos principais mecanismos para obter renda passiva com criptomoedas.
Principais formas de renda passiva com criptomoedas
Lending (empréstimos)
Essa modalidade de renda passiva é muito semelhante à que já existe no mercado tradicional de ações. Os usuários emprestam suas criptomoedas a um terceiro em troca de juros. O empréstimo pode ser oferecido por plataformas centralizadas, por exemplo, mesas de empréstimos que realizam a operação em nome do usuário, ou de forma descentralizada, executada por protocolos DeFi, tais como Aave (AAVE) ou Compound (COMP), e os juros podem variar de acordo com a oferta e demanda de cada criptomoeda nas plataformas e/ou pelo período do empréstimo.
Do ponto de vista do tomador do empréstimo, existem modelos com ou sem exigência de colateral, principalmente em plataformas centralizadas de empréstimo. Em protocolos de finanças descentralizadas – DeFi, a grande maioria das opções disponíveis exige depósitos sobrecolateralizados, ou seja, tem exigência de colateral acima de 100% do valor tomado. Nesses casos, se, eventualmente, o colateral ficar abaixo do percentual mínimo exigido por condições adversas de mercado, o contrato inteligente executará automaticamente as garantias e encerrará a operação. Isso minimiza o risco de crédito, porém, trará muito mais volatilidade à taxa de juros paga pelo empréstimo.
Ao optar por essa modalidade de renda passiva em criptoativos, você deve ficar atento ao risco de crédito da empresa que estará intermediando a operação. Lembre que a operação é muito parecida com a que um banco tradicional faz – e vimos episódios de pedidos de falência por grandes players desse mercado em 2022 entre as plataformas centralizadas.
Nos DeFis, vimos muita gente perdendo dinheiro por conta da exclusão das garantias provocadas pela desvalorização dos ativos depositados na ponta do tomador do empréstimo, provocando redução drástica nos juros pagos aos cedentes. Outro risco ao qual devemos ficar atento aqui é o de ataques hackers, que exploram possíveis falhas na programação do contrato inteligente.
Embora existam esses riscos, talvez o lending seja a modalidade de renda passiva mais fácil do investidor comum entender.
Staking
É uma das formas mais seguras de obter renda passiva com criptomoedas e, particularmente, a de que mais gosto.
Para participar do processo de validação e construção dos blocos de uma blockchain que roda no modelo de proof-of-stake – POS (saiba mais sobre neste artigo: “PoW e PoS: O que são?”), o participante disponibiliza uma quantidade mínima de criptomoedas determinada pelo protocolo em um endereço específico da rede. Esse depósito é uma forma de garantia para execução e validação das transações na blockchain. Ao fazer isso, os participantes recebem uma recompensa em criptomoedas pela execução das transações e manutenção da segurança da rede. O staking pode ser feito por meio de carteiras específicas ou de algumas exchanges que oferecem esse serviço. Cada blockchain exige um valor mínimo de depósito e possui um tempo mínimo no qual as criptomoedas devem ficar bloqueadas. Para saber mais sobre como funciona o staking, confira este artigo: “O que é staking?”.
Pools de liquidez em DeFi
Também conhecidos como “Yield Farming”, os pools de liquidez em DeFi permitem que os usuários ganhem recompensas de forma passiva ao fornecerem liquidez às plataformas de trade descentralizadas – DEX (Decentralized Exchange). Nesses pools, os usuários normalmente depositam duas criptomoedas diferentes em proporções iguais e passam a atuar como um formador de mercado no par de negociação depositado. Por fornecer essa liquidez, você receberá uma parcela proporcional à sua participação no pool das taxas de transações cobradas de quem estiver realizando os trades na plataforma. No entanto, é importante lembrar que as recompensas recebidas podem variar bastante ao longo do tempo e existem diferentes riscos associados a esse tipo de estratégia. Exploraremos em maiores detalhes as oportunidades e os diferentes riscos inerentes aos pools de liquidez em um artigo futuro.
Essa forma de receber renda passiva com cripto é relativamente nova e ganhou grande atenção com o UNISWAP (UNI), que oferece uma variedade muito grande de pools.
Contudo, a modelagem de formação do preço dos ativos após a execução de cada trade e a consequente dinâmica da composição dos pools varia de um protocolo para outro e exige um esforço maior do investidor para estudar cada um deles e entender os riscos e as oportunidades. Também exige do investidor um acompanhamento mais frequente das condições do mercado, a fim de evitar surpresas e perdas com a estratégia escolhida.
UNISWAP (UNI), SUSHISWAP (SUSHI) e Curve (CRV) são exemplos de DEX em que você pode encontrar pools de liquidez.
Outras formas de conseguir renda passiva com criptomoedas
Existem outros protocolos que oferecem recompensas pela participação em seu ecossistema. Protocolos de bridge, agregadores de yield, oráculos e jogos de “jogue e ganhe (play-to-earn)” são mais alguns exemplos de formas de obter renda passiva com criptomoedas. Contudo, vamos explorar com maior profundidade esses outros mecanismos em artigos no futuro.
E a renda passiva em exchanges… de onde vem?
É comum encontrar formas de obter renda passiva nas corretoras de criptomoedas com os mais variados nomes e, muitas vezes, estes não refletem a real estratégia por trás do produto. No entanto, a forma pela qual as exchanges buscam as recompensas para distribuir a seus clientes passará por uma dessas opções e, em alguns casos, uma combinação delas. Por isso, é importante conhecer a forma escolhida pela exchange, pois, no fim, o risco também é repassado para o cliente final.
Considerações finais
Vimos aqui uma breve descrição de quais são as principais modalidades de renda passiva com cripto e vamos explorar cada um delas em maior profundidade em artigos futuros. Existe muita inovação nesse ecossistema e, frequentemente, surgem novas formas de renda passiva com criptoativos. O mais importante é acompanhar de perto as novidades que acabam oferecendo os melhores retornos e, claro, ficar atento principalmente aos riscos inerentes de cada empresa, protocolo ou transação realizada. Vale sempre o jargão do mercado cripto: “faça sua própria pesquisa – DYOR”, a fim de evitar surpresas desagradáveis.
Vale sempre lembrar que este artigo tem caráter educativo e não deve ser entendido como uma recomendação de investimento.
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Marcel é mestre em Economia e Finanças pela EESP-FGV, formado também em Economia pela PUC-SP, com pós-graduação em Mercado Financeiro e Finanças. Atuou por 17 anos no mercado tradicional e, atualmente, faz parte do time de produtos e crypto-services do MB, responsável pela criação dos mais incríveis produtos de cripto.